Um texto muito importante para Novos e Velhos Médiuns
Fascinação e engambelo, o que parece ser não é
Impressiona
a quantidade de pessoas em processos de obsessão na atualidade.
Parece-me que quanto mais conhecimentos temos das coisas espirituais,
mais falha-nos a simplicidade e a fé pelo ego intelectual inflado, o que
acaba sendo uma porta escancarada para os malfeitores do além.
Dias
destes comentava-me uma confrade espírita que estava cansada, que todos
os centros que conhecia estavam atulhados de gente, fazendo com que os
médiuns trabalhadores se encontrassem exaustos diante de tantos
desequilibrados, ansiosos, depressivos, lamurientos, chorosos,...,
pedindo ajuda diariamente.
Afinal, o que está havendo?
Os
amigos espirituais informam-nos que há uma intensificação das obsessões,
uma espécie de levante umbralino, um motim, como se houvesse uma
revolta contra o capitão do navio. As almas não estão aceitando o
destino da embarcação e se tornam violentas.
O próprio estilo de
vida dos encarnados da crosta, agitados, ambiciosos, de falsas
aparências, com uma avalanche de informações diárias de todos os meios,
muita oferta de facilidades pelo salvacionismo mediúnico religioso
vigente, distorce as leis de causa e efeito e o equilíbrio entre as duas
esferas vibratórias de vida.
Há que considerarmos igualmente que
se intensificam as remoções para outros orbes de espíritos que não
podem mais ficar na psicosfera da Terra e ao mesmo tempo implementam-se
barreiras magnéticas que os impedem de encarnar aqui. Naturalmente isto
gera um desespero nos aglomerados espirituais do umbral inferior que se
sustentam das emanações mentais e fluídicas dos encarnados.
Daí a
intensificação das obsessões, intencionando habitarem junto à superfície
dos encarnados e daqui não saírem. E haja centro espírita com passe e
água fluídica, terreiro de umbanda com banho de sal grosso e arruda,
igrejas neopentescontais com sessões de descarrego, e trabalhinhos de
amarração da última hora como vemos oferecidos nos anúncios de postes e
pelas panfleteiras dos cruzamentos urbanos. Para aliviar o desespero de
todo este povo a oferta é a mais variada, desde para os mais
pacienciosos que se dispõem a assistir uma série de palestras até aos
mais afoitos e apressados que querem resultado em sete dias, doa a quem
doer o que só agrava o nó do novelo das obsessões na atualidade.
No
dia a dia de contato com o público que freqüenta a choupana,
constata-se certo padrão comportamental que define claramente uma
relação de causa e conseqüência diante das ações arquitetadas pelos
engenhosos psicólogos das sombras para que as interferências obsessivas
sejam bem sucedidas. São as denominadas armadilhas psicológicas, um
prato cheio posto na mesa para os comensais do além túmulo.
Seguidamente nos deparamos com aflitivas rogativas em que a solução está
em cada um. Aparecem rotineiramente criaturas pouco vigilantes,
exagerando sintomas e dores, vítimas de si mesmas diante de doenças e
carências afetivas imaginárias. À menor dor de cabeça, correm a tomar
medicamentos e urgentemente vêm nas consultas querendo solução imediata
sem menor esforço. Tendo medo da própria sombra, impressionáveis pelo
excesso de conhecimento, tudo lendo e tudo já leram, explicam até
quantas penas tem as asas dos arcanjos, mas não conseguem descontrair e
dar um abraço fraterno no seu semelhante sem sugarem-no em suas energias
vitais.
Caem facilmente nas obsessões ocultas em que desencarnados em
mesma faixa mental dilapidam suas forças mentais. Quando chegam a este
ponto, o que era imaginação se torna real e o que era real - a não
existência de doenças ou obsessões - torna-se irreal, distorcendo-se a
realidade dos fatos pelo psiquismo enfermiço dessas pessoas que são no
fundo doentes da alma, medrosos e preocupados excessivamente com a saúde
e a morte. Diante de suas fragilidades psicológicas e acentuado
egoísmo, qualquer espírito com algum entendimento de magnetismo
conseguirá observar suas densas auras e montar um plano de ação para
“colarem” neles e vampirizar-lhes as energias.
Assim como camaleões que
se confundem com o meio, explorarão as culpas profundas, os recalques,
os traumas, se fazendo passar por parentes queridos desencarnados quando
não incutirão no ente que este ou àquele desafeto fez trabalho,
aproveitando-se da situação e no mais das vezes se fazendo passar por
falsos mentores e guias, instalando-se a fascinação, o que na umbanda
conhecemos por engambelo; aquilo que parece ser não é. Paradoxalmente,
os que são não aparentam ser, eles simplesmente são e pronto, no caso
dos verdadeiros mentores da umbanda.
Como se instala nas
criaturas, no psiquismo de profundidade da alma, no recôndito anímico,
estas correntes mentais parasitas, espécies de formas pensamentos
alimentadas pela imaginação do indivíduo, inicialmente sadio, que acabam
instalando o desequilíbrio emocional e por repercussão vibratória as
doenças?
Há que se considerar que certos indivíduos, sensíveis e
facilmente objetos de fascinação por serem impressionáveis por qualquer
motivo, manifestam um temor irracional às aflições corriqueiras das
vidas. Almas acostumadas a serem atendidas em todos os seus desejos e a
não terem a menor preocupação com a existência em vidas passadas
apresentam um medo patológico diante da vida presente.
Com os anos e o
aprofundamento pelo excesso de conhecimento das coisas espirituais, lêem
de tudo que lhes cai aos olhos e nunca se satisfazem, o que os leva
sempre a procurar a última novidade espiritualista, sendo popularmente
chamados como “pés de axé”, pois não param em lugar nenhum.
Com a
ansiedade da “salvação” não encontrada em lugar algum, o medo
existencial indefinido vai se transformando em verdadeiro pavor,
desestruturando o psiquismo e alimentando os mais variados distúrbios
psico-somáticos, nos quais fobias e angustias, distonias
comportamentais, traumas e pânicos pintam a tela das síndromes
psicopatológicas persistentes e de difícil resolução nos procedimentos
terapêuticos comuns, que priorizam a estrutura orgânica do ser e
desconsideram o espírito ali presente que a anima.
Dia destes li
uma estatística que no meio médico psiquiátrico se encontra grande
consumo de psicotrópicos entre os profissionais. Como dar ao outro
àquilo que não temos dentro de nós? Isto também me lembra estas “mães
de santo” que pululam nos anúncios panfletários, oferecendo riqueza e
prosperidade em sete dias, elas mesmas habitando singelos casebres,
alguns quase caindo aos pedaços, como podem dar o que não tem em mínimas
quantidades para si próprias?
O comportamento destes seres
humanos é auto-obsessivo e as obsessões que se instalam são recorrentes
enquanto o “doente” da alma não muda o seu modo de pensar e ser. É
padrão comum de conduta o egoísmo desenfreado, o apreço por notícias
mórbidas alimentado por uma mídia sanguinolenta, o apreço por fofocas e
maledicências, a preguiça e a falta de asseio mental, rigidez de
opinião, arrogância por considerarem-se os donos da verdade – são os
consulentes que chegam ao terreiro e dizem para a entidade o que tem e
qual o trabalho a ser feito – vitimismo exacerbado, enfim, atraem para
si uma baixa freqüência e uma inevitável desestruturação psíquica
potencializada por desencarnados em mesma faixa mental, espíritos
sedentos de vitalidade animal para se sustentarem na crosta.
Qualquer
dificuldade do cotidiano que surge frente a estes indivíduos, dispara o
gatilho mental de pessimismo e preocupação demasiada, advindo a lamúria,
o mau humor, o azedume existencial, gradativamente se instalando a
anulação da vontade e a desorganização da atual personalidade que se
subjuga, sutilmente, a uma força exterior que a domina e a fascina, no
mais das vezes fazendo-se passar por seu mentor ou guia.
Permanecendo
neste estado d’alma, em desajuste reencarnatório, ficam a mercê de uma
consciência extracorpórea e não admitem que o guia mentor não seja o que
aparenta ser, estabelecendo-se um mecanismo de parasitismo existencial
entre espíritos, um encarnado e outro desencarnado, de difícil resolução
dado o respeito ao livre arbítrio de ambos no mundo dos espíritos. Em
muitos casos, “impedido” o plano espiritual superior de afastar um ou
outro, se encontram enfeixados ambos de tal maneira que em próxima
encarnação nascem em simbiose, amarrados pelos mesmos órgãos físicos que
sustentam dois corpos.
Estes processos simbióticos de obsessão
são de difícil resolução e, por vezes, ocorrem manifestações na
assistência de um consulente desequilibrado. Quando não se diz iniciado
aqui ou ali, é o guia mais forte e infalível que se apresenta. São
dependentes psicológicos do amparo astral de um espírito e não admitem
cortar este vínculo, quando não fazem questão de alimentá-lo – dar
comida mesmo – rotineiramente pelas obrigações e oferendas.
Independente
de culto ou doutrina, por vezes é o mentor espírita, ali o mestre
ascensionado, acolá o Orixá assentado, lá o caboclo ou pai velho, cá o
cigano encantador e infalível, e vão às criaturas fascinadas vitalizando
os espíritos do lado de lá que não podem mais encarnar no planeta.
Paradoxalmente,
a maior dificuldade para o plano espiritual não são as remoções
coletivas, e sim estas simbioses parasitárias individuais.
Por isto, na
atualidade, é estratégia psicológica das sombras os ataques em massa,
mas caso a caso, estudando-se as fraquezas, as culpas e os medos de cada
sujeito.
Infelizmente, o conhecimento que deveria ser libertador, acaba
sendo ferramenta de exaltação do ego e proporciona ricos elementos para
as obsessões que enxameiam na coletividade enraizada individualmente.
Os simples de coração e humildes são os verdadeiros sábios, independente
de como entendamos o que é conhecimento em nossa limitada compreensão.
Diz-nos
o marinheiro Zé Luzeiro, espírito calejado na lide psicológica,
acostumado às pressões psíquicas das populações em diversas etnias e
países, que a luzinha dos barquinhos dos cidadãos estão apagadas e a luz
flamejante que os orienta para os conduzirem ao oceano da bem
aventurança pode estar levando-os a ficarem encalhados no mar da
existência por longos e longos anos.
Refere-se aos vaidosos,
egocêntricos e entusiasmados com seus guias que aparentam ser e na
verdade não são. É o engambelo, o barquinho luzeiro na entrada da baía
que conduz à armadilha no porto os que se aventuram em mares que acham
que conhecem, mas que na verdade nada sabem sobre os seus verdadeiros
habitantes da costa, saqueadores de almas para manterem-se em seus
habitats anômalos na crosta terrestre, grudados em seus médiuns “pé de
axé” - que não param em lugar algum.
O vento que venta, não venta
O ar que urra não urra
Atrás de mim não vem gente ó meu Deus
Quem é que tanto me empurra?
Quem te ensinou a nadar
Quem te ensinou a nadar
Foi, foi marinheiro
Foi os peixinhos do mar
Foi, foi marinheiro
Foi os peixinhos do mar
Fonte:
RBU - Rede Brasileira de Umbanda onde cita que ( Este texto faz parte
do livro "Mediunidade & Sacerdócio" – Ramatis/Norberto Peixoto, pela
Editora do Conhecimento ).
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